A tradição de desenvolver queijos em mosteiros não é exclusividade da Europa. Aqui temos um exemplo dessa arte no santuário de Nossa Senhora da Piedade, localizado na Serra da Piedade em uma altitude de quase 1800 metros, na cidade de Caeté, a 48 km de Belo Horizonte.
Essa história começou há muitos anos quando o frei Rosário Jofylly servia a seus visitantes, entre eles autoridades e políticos como Tancredo Neves, vinho e um queijo que o próprio padre maturava em uma espécie de cave que fica na encosta da ermida. Frei Rosário faleceu há 10 anos, mas a procura pelo queijo continuou.
Até que o Altair, funcionário da igreja, resolveu continuar a tradição. “ O frei gostava muito desse queijo, eu o ajudava a cuidar de tudo e aprendi como fazer. As pessoas que conheciam, sempre perguntavam quando iria ter o queijo de novo, por isso decidimos voltar a fazer”, conta Altair.
Não julgue pela aparência
Não é atoa que muitas pessoas insistiram em sua volta. O queijo da Serra da Piedade é único. Sua aparência não é nada atraente: a casca é grossa, rugosa e meio repugnante; mas o sabor…Ah! O sabor é di.vi.no! De comer rezando! Extremante macio, picante na medida certa e ligeiramente ácido, é o tipo de queijo que faz a gente dar umas fujidinhas furtivas na cozinha para comer só mais um pedacinho.
Aqui em casa todo mundo adorou o queijo, meu irmão Bruno declarou que foi o melhor queijo que ele já comeu na vida. Minha cunhada também gostou, mas quando expliquei o que havia na casca…
Como se faz um queijo nas nuvens
O queijo é feito a partir do queijo da Serra do Salitre. Um fornecedor entrega o produto ainda jovem e em Caeté é feita a cura que confere a este características ímpares, completamente distintas do original.
O processo é bem simples. O segredo está no clima e na microflora e microfauna da localidade. Por causa da altitude, a região está, a maior parte do tempo, envolta por uma tênue neblina, ou até mesmo entre ou sobre as nuvens.
O queijo fica 60 dias em um cômodo rústico construído embaixo de uma grande pedra. Todas as manhãs as prateleiras são limpas com vinagre e os panos sobre elas são trocados. Durante esse tempo o queijo nunca é lavado. Deixa-se formar uma “casca natural” composta principalmente por fungos.
No final do período de cura, quando a casca torna-se mais dura surge uma “poeirinha”, que segundo Altair é o sinal de que o queijo está no ponto. Essa “poerinha” é o que chamamos, na linguagem técnica, de punilha, uma espécie de ácaro que pode trazer muitos problemas para a produção em escala industrial, mas em alguns tipos de queijo artesanal a presença dela é desejada como no caso do francês mimolette e do exótico milbenkäse alemão. Suas enzimas auxiliam na formação do sabor e da aparência desses queijos.
Excelente história para os amantes de queijos e também para os curiosos… É muito bom saber das riquezas e gostos de Minas Gerais mesmo que escondidas e agora desvendadas por nossa escritora Renata Curzi. Parabéns!
Oi Hélen,
Que bom que você gostou. Aqui em Minas há um verdadeiro tesouro a ser explorado por quem gosta de queijos, né? Bju, Renata
Adorei o post. Fiquei curiosa sobre o Queijo da Serra do Salitre.
Oi Dani, esse queijo da Serra do Salitre rende outras histórias… Bju
Bela matéria! Fiquei curioso em degustar esse queijo… mesmo com punilha!
Que bom que gostou Alex. Garantimos que vale a provar!
Muuuuuito bom meninas…encantado com esta matéria!!
Parabens pelo site, gostoso de ler…
Jansen Torres
Obrigada Jansen, elogios de um profissional como você é um orgulho pra nós!
Abraços
Imagina, Carla…
Você está escrevendo de uma forma diferente sobre os queijos…despertando sensações de sabores e aromas…vindos de quem, não somente sabe apreciar, mas acima de tudo, domina toda a tecnologia queijeira!!!
Bacana demais…
Olá,
Gostaria do contato do Altair, produtor do queijo da Serra da Piedade.
Como faço para conseguir? Você tem? Poderia me passar?
Abraços.
Olá Gabriella,
Vou passar para o seu email, ok?
Abraços,
Renata
Olá Gabriella,
Bom dia!
Não consigo enviar o email para o endereço que você deixou cadastrado. Mas, o Altair trabalha no santuário de Nossa Senhora da Piedade.Ele não produz os queijos, só faz a cura lá. Para entrar em contato com ele é só ligar para o telefone da igreja e pedir para chamá-lo : (31) 3651-6335.
Você trabalha no Produtos de Lá, aqui em BH? Já ouvi falar bem demais de vocês.Quero muito conhecer os queijos que vocês trazem.
Abraços,
Renata
Olá Renata,
Vou verificar se tem algum problema no meu e-mail. Mas obrigada pelo contato do Altair.
Trabalho na De-Lá sim! Pedi o contato justamente para ver se conseguimos trazer o queijo de Serra da Piedade para cá. Sei que ele é feito com o queijo da Serra do Salitre, que já temos aqui em nossa loja. Acho que seria interessante ter os dois.
Depois venha fazer uma visita em nossa loja!
Abraços,
Gabriella
me passe o contato da serra da piedade pra conseguir o queijo tambem.obrigada
Olá Carla,
Comprei o queijo lá no santuário. Entre em contato, talvez eles possam enviar para você. O telefone é (31)3651-6335.
Obrigada pelo contato
Gostaria do contato do Altair, pois estamos produzindo cerca de 50 queijos por dia na Serra do Salitre e gostaria de enviar alguns queijos para ele curar na Serra da Piedade e quem sabe fornecer para ele. Cláudio Costa
Olá Cláudio,
Para entrar em contato com o Altair é só ligar para o santuário de Caeté. O telefone é 031-3651-6335.
Boa sorte!
Olá Carla Reis. Mais um belo texto. Tive a oportunidade de degustar esse queijo feito pelo frei Rosário quando morava em BH. Quando ganhei o queijo de presente fiquei meio receoso porque estava muito feio, mas o sabor é realmente algo fantástico. Fiquei feliz em saber que a produção não foi interrompida apesar de não contamos mais com a sabedoria do frei.
Olá Maurílio,
Obrigada pela mensagem. Você só fez uma pequena confusão: fui eu quem escreveu o texto, rsrs.
A sabedoria do frei continua viva na tradição da maturação desse queijo, pode apostar!
Olá, Renata, tudo bem? Também trabalho com queijos artesanais aqui no Rio de Janeiro. Quero tentar trazer o queijo do Altair pra cá! Já anotei o telefone que vc passou acima, mas agradeço se puder me enviar tb o email do Sr Altair!
Olá Tiago,
O queijo da Serra da Piedade é realmente diferenciado. Com certeza, iria fazer sucesso em sua loja. O telefone que eu passei é o único contato que tenho. Desejo sorte a você em seu empreendimento.
Obrigada pelo contato!
Boa noite, vocês têm o contato do produtor? Muito obrigado,
Bruno
Olá Pessoal, tive várias vezes a honra degustar, juntamente com o Frei Rosário e meu tio Armando Stocheiro, hoje já falecido, também, o queijo acompanhado de um belo vinho Isto porque, meu tio tinha uma olaria e ajudou na construção da nova igreja da Serra da Piedade.
Realmente, o queijo é surpreendente, Depois do Falecimento do Frei Rosário ainda tive a oportunidade de degustar o queijo com o Padre da época.
Agora conforme vi no programa.Terra de Minas, me chamou a atenção do queijo do Frei Rosário, então, achei aqui mais detalhes e que seu antigo ajudante Altair está comercializando o mesmo.Vou ligar para ele agora para encomendar o meu. É mesmo fantástico !!!!
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Parabéns pelo texto!
Sou leigo no assunto e, ao ver um queijo como esse com casca grossa e muito fungo e nesse, em especial, que é coberto de punilha, sempre me pergunto: come-se a casca ou só a parte interna do queijo?
Abraços
Alfredo
Olá Alfredo,
Tem gente que não liga, mas eu dispenso a casca, rsrs.
Obrigada pelo comentário
Obrigado, Renata! Vou seguir sua linha e dispensar a casca! Abraços !
Estive na serra da piedade dia 25. Estava ansioso para comprar deste queijo, porém não encontrei para comprar. O rapaz do restaurante me disse no dia que não tinha. Só terá dia 14 de abril. Não é todo dia que tem, não?. Dia 14 ser a difícil conseguir comprar, penso, pois será um feriado que com toda certeza a serra estar a cheia. Posso fazer o pedido por tel e busca-lo no sábado?.
Olá Luiz Henrique,
A produção é pequena, convém sempre ligar para tentar reservar. Mas garanto que vale a pena!